Na América Latina, a aceitação da comunidade LGBT está aumentando
A América Latina teve avanços significativos na legislação pró-LGBT nos últimos anos. Em 2010, a Argentina foi o primeiro país da região, e o décimo no mundo, a legalizar o casamento de pessoas do mesmo sexo. Desde então, Brasil, Colômbia, Uruguai e partes do México seguiram seus passos. Uniões civis de pessoas do mesmo sexo são reconhecidas no Equador e no Chile, e adoções para pessoas do mesmo sexo são legais na Argentina, Brasil, Colômbia, Uruguai e partes do México.
É evidente que alguns países na América Latina estão mais avançados do que outros em termos de legislação e aceitação social. Em geral, a percepção de pessoas LGBT está melhorando, de acordo com o ILGA-RIWI 2016 “Global Attitudes Survey on LGBTI People“, um estudo do Logo e da Viacom que entrevistou cerca de 100.000 pessoas em 65 países, incluindo 11 na América Latina*. A seguir estão as principais conclusões deste projeto sobre a América Latina.
Muitos dos países mais “fora do armário” do mundo estão na América Latina. Em média, 62% das pessoas da América Latina disseram conhecer pessoalmente uma pessoa LGBT. Entre os 15 principais países nesta pesquisa estavam a Venezuela (#2 com 72%), o Brasil (#3 com 70%), a Costa Rica (#6 com 67%), o México (#7 com 66%), a Nicarágua e a Argentina (#9 com 65%) e a Colômbia e o Chile (#12 com 64%). Em comparação, os únicos países europeus na lista dos Top 15 foram a Espanha (68%), e a Irlanda (66%). Os Estados Unidos empataram com a Nicarágua e a Argentina com 65%.
Os latino-americanos estão confortáveis com as pessoas LGBT e concordam com seus direitos humanos. Mais de 8 em cada 10 (82%) disseram que não se importariam se seus vizinhos fossem gays, comparado com 65% no mundo. Ao todo 70% acreditam que os direitos humanos deveriam ser aplicados à comunidade LGTB. E apenas 13% acreditam que uma empresa deveria poder demitir alguém por ser LGBT, comparado com 24% dos entrevistados no mundo.
As pessoas LGBT fazem parte das relações sociais da América Latina. Entre os entrevistados que conhecem pessoas LGBT, 52% disseram que havia pelo menos um entre sua família e amigos próximos. Brasil, Venezuela, México e Costa Rica são os países onde os entrevistados foram mais propensos a ter uma pessoa LGBT nos seus círculos próximos.
Menos da metade da América Latina acredita que os casamentos entre pessoas do mesmo sexo deve ser legal. Apesar da grande aceitação da comunidade LGBT na região, há uma resistência quando se trata de igualdade de direitos para o casamento. Entre os 11 países da América Latina pesquisados, apenas 47% são favoráveis a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Nos países pesquisados onde hoje em dia é legal (Argentina, Brasil, Colômbia e México), a aceitação subiu para 56% – mas ainda é bem mais baixo do que na Europa (69%) e do que nos EUA/Canadá (64%).
A maioria ficaria nervosa se seus filhos estivessem numa relação entre pessoas do mesmo sexo. Quase dois terços dos entrevistados disseram que ficariam preocupados se seus filhos amassem pessoas do mesmo sexo (64%). Globalmente, 68% disseram que isso os incomodaria. Nos países pesquisados da América Latina as respostas variaram – os mais preocupados foram o Equador (74%) e o Peru (74%); os menos preocupados foram o México (54%) e a Argentina (53%).
Conhecer pessoas LGBT pessoalmente muda opiniões. Os entrevistados da América Latina que conhecem uma pessoa LGBT eram 69% mais propensas a apoiar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e 33% menos propensas a dizer que se incomodariam se seus filhos se apaixonassem por alguém do mesmo sexo.
No geral, as percepções estão melhorando – principalmente devido à interação entre pessoas de diferentes sexualidades, ao entretenimento e à legislação. Quase 4 em cada 10 entrevistados na América Latina disseram que seus sentimentos em relação às pessoas LGBT se tornaram mais favoráveis nos últimos 5 anos. Neste grupo, quase um terço disse que conhecer uma pessoa LGBT foi a razão principal para esta mudança. Para 15%, ver uma pessoa LGBT no entretenimento foi a principal influência para uma visão mais positiva. E para 15% adicionais, as leis pró-direitos LGBT foram responsáveis para melhorar suas atitudes em relação à comunidade LGBT.
* 11 Países: México, Costa Rica, Equador, Nicarágua, Argentina, Peru, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Venezuela.